Diante da programação do encontro realizado na sede da FASE em Vitória com a presença de pescadores tradicionais da costa capixaba, foi proposta uma experiência de aplicação do Carnaval Tático.

O Carnaval Tático se inspirou no estudo de experiências de resistência e combate não armado de situações de injustiça e violação de direitos acessados na ocasião da pesquisa de mestrado realizada por Thiago Araújo intitulada Palhaços e Palhaças enquanto Deuses Irreverentes em Zonas de Vulnerabilidade Social e em Defesa dos direitos humanos na EEFTO/UFMG, sendo adaptada e desenhada nesse caso com a contribuição de Fabíola Melca, realizadora audiovisual e comunicadora que tornou possível a criação de um formato experimental de carnaval tático adaptado principalmente as oficinas de comunicação realizadas no encontro.

Buscou se referências no Clown Army, The Yes Man, Leo Bassi, e de experiências em arte mobilização de Thiago Araújo no grupo Parangole, Art 22, IBEIDS, Insea, Circo Teatro Olho da Rua, Reluz de Santa Luzia e Encontro dos povos do Espinhaço, vivencia de design thinker na Impacte/Ufmg, entre outras experiências que serviram de inspiração para criarmos uma prática de manifestação e ativismo integradas, que reune diversas intervenções e formas variadas de registro e difusão.

O carnaval tático mostra realidades ocultas em zonas dominadas pois revela a face obscura dos capitais transnacionais no desmonte do recurso natural e denuncia a entrega dos recursos naturais por órgãos e agentes locais.

O carnaval tático parte da difusão, multiplicação, mobilização com propósito eficiente de valorizar o fazer e o ser da terra, ser do local. A violação de direitos indicam a impunidade diante de tantas violações contra a identidade local.

Há muito dinheiro rolando, muitas promessas e expectativas mas que vem com a perspectiva de se adaptar como empregado, aceitar a compensacao indicada, o turismo desterritorializado, a prostituição, tudo em atendimento a industria em implantação. A resistencia segue uma motivação ardua e diaria mas também tem uma trajetoria previsivel, pois de fato poucos resistem aos desgastes e desafios.

O carnaval tá tico potencializa pequenas conexões em circuitos que se encontram, fortalece as ações locais onde há forças e potencialidades, pois muitas vezes os parceiros não estão necessariamente no mesmo território geográfico (por isso buscamos afinidades no mundo virtual).

Diante de uma conjuntura de aniquilamento de nossas comunidades nos amparamos no encontro! A troca presencial mostra a capacidade de superarmos dificuldades. O Carnaval tático é a própria capacidade de articulação das comunidades, organizadas em grupos específicos que amparam o movimento como um todo, nesse caso, na ocasião da semana sem petróleo operamos a parte de comunicação da luta, principalmente diante do leilão dos poços maduros da petrobrás no primeiro dia do encontro.

FOTOS: Rosilene Miliotti / FASE