Nos dias 24 e 25 de setembro, estivemos reunidos na Praia de Itaoca em Itapemirim, litoral sul do Espírito Santo.No encontro Sul da Campanha Nem Um Poço a Mais! foi intensa a troca de saberes e histórias.

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Nos encontramos entre pescadoras e pescadores, marisqueiras, artesãs , estudantes, comunicadores e estudiosos para dar visibilidade e refletir sobre os mega empreendimentos portuários pensados para a região.

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” A Ação Ecológica, organização do Equador, tem 30 anos, em outubro faremos esta celebração, vamos dar um prêmio a pessoas que defenderam o meio ambiente em equador . este é um mapa do equador, um pais pequeno, uma população de 14 milhões de habitantes. Indústria petroleira na Amazônia, a partir dos anos 70 o equador se tornou dependente do petróleo. A primeira empresa foi a Chevron, que provocou diversos problemas ambientais, derramando milhões de barris de petróleo, afetando as populações , inclusive causando a extinção de um povo indígena. Em 2013 a Texaco foi considerada culpada pela Corte Nacional de Justiça e deveria pagar 8.600 bilhões de dólares, mas a empresa disse que não vai pagar, dizendo que vai continuar recorrendo até que o inferno se congele. ”  
Alexandra Almeida, ativista equatoriana.
img_4703” Por que trabalho com petróleo agora? Pela mesma razão que trabalhei soja, agrotóxico. A base do agrotóxico é o petróleo. Estas doenças citadas, câncer, deformação, está sendo estudada com universidade de Matogrosso, com base na informação das curandeiras, descobrimos onde está acontecendo mais aborto, refluxo…começamos a fazer estudos que relacionam a incidência de câncer com a produção de soja. Só dá pra comparar com estudos da cidade. Em lugares onde se produz tomate, o índice vai lá em cima. Os defensivos…defende o quê? No caso da cana, tem o secante, que é desenvolvido a partir de um gen norte americano, que acelera o crescimento da planta. O que tem isto a ver com pré-sal. Estamos falando da extração de recursos naturais, da mesma maneira. ”
Sérgio Schlesinger, economista
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O lindo trabalho da artesão, Mónica.

” Eu sou Mônica, artesã, trabalho em projeto de geração de renda. Precisamos que haja uma consciência, que o povo participe das decisões, danificam o meio ambiente, afetando as comunidades pesqueiras, da qual utilizamos partes para fazer o artesanato. Tudo isso muda o nosso ecossistema. Todos temos que ser respeitados, sermos informados, o município não pode decidir sozinho pelos gestores numa terra que é nossa. Pagamos impostos e temos o direito de saber e participar destas decisões. Não queremos que aconteça o sul do nosso estado o que aconteceu no Rio de Janeiro, não queremos perder nossos rios, nossas praias não podem ser danificadas por que temos a renda dos turistas. Ninguém quer vir par a uma praia onde não possa tomar banho. A dragagem trouxe isto.”
img_4644” Sou Lucila, sou de Itaipava, Itapemirim, sou pescadora, a gente está sofrendo no momento um fato muito grande que está chegando em nosso município um fato que vai afetar muito nossa área. Desde. Aqui no nossa localidade, o comércio gira em torno da pesca e as mulheres para ajudar o marido, exerce a extração do marisco, e está chegando o porto, o CEPORT, que vai atrapalhar muito a gente, ele vai afetar tanto as marisqueiras, quanto os pescadores do camarão, e ali neste ponto é o berço aonde se cria as espécies. Com a construção deste porto tanto vai atrapalhar a gente na parte da pedra, como logo após tem um lugar chamado pitinga(filmar) , onde as marisqueiras costumam ir lá tirar o marisco. Na ilha dos franceses também(filmar). É um porto para separação de navios, e a gente sabe que o impacto é muito grande. “
p1100156” Meu nome é Ana Paula, tenho 38 anos, pesco desde os 13 anos, minha família é toda de pescador. A gente vamos viver um momento de terror com estas empresas, por que vai atingir tanto o mar quanto em terra. Já fomos em várias reuniões e eles estão dizendo que aonde eles vão explorar vai impactar só o camarão, mas não é verdade. Ali tem rede, tem espinhel, e mais em cima onde vão colocar o porto, ali tem um braço de rio. (filmar este braço do rio e elas catando guaiamun) O pescador está proibido de ir lá pescar, agora esta empresa vai vir e vai acabar com isto. Na hora que esta empresa chega, eles podem aterrar e fazer tudo e o pescador não pode fazer nada. Eles só prometem mas não vai ter vaga nenhuma pra filho de pescador. Pra nós que somos de uma comunidade pesqueira, tem muita gente que não se ligou ainda que isto vai afetar o rio também, com navios, tráfegos de caminhões . acho que daqui a um tempo a pesca artesanal vai acabar por que nós vamos ser muito prejudicados. Aconteceu um fato que a gente está chocado por que caiu uma peça, está a deriva, arriscado um barco bater nela e ninguém vai fazer nada. (já filmamos esta situaç) o pescador é sempre o mais prejudicado com este petróleo que está vindo ai, com estas grandes empresas. “
img_4740” Sou Juliana, articuladora de um projeto de educação ambiental. Trabalhamos com jovens do próprio município. Acompanhamos o porto Edson, Ceport, que vai vir ali na Gamboa. Existe um banner enorme dizendo !”gerando empregos”, é uma coisa a comunidade está acreditando. Mas quando você realmente vai olhar a questão deste porto, não existe condicionante nenhuma dizendo que eles são obrigados a contratar pessoas do município. Se estiver está bem escondido por que nas nossas pesquisas nós não encontramos. A grande maioria da população não tem qualificação para trabalhar em portos. Eles não conseguem detectar o que está acontecendo, não conseguem ver a destruição do município. Entrevistamos os pescadores, e eles deixaram claro que não querem mas não sabem como dizer não, acham que por estar vindo acham que não podem se manifestar. Nosso coletivo trabalha com jovens. Os próprios jovens não sabiam as formas de dizer não. ”  img_4726
p1100167” Meu nome é Angela, a vida da gente é meio complicada, especialmente a gente que é esposa, por que temos filhos. Eles saem mas a gente nunca sabe se eles vão voltar. A vida é totalmente diferente do que se vê na tv. Os pescadores não podem se aproximar das plataformas. Tem o risco do choque com os navios à noite. Eles, além de trabalhar o dia inteiro, à noite não podem parar para descansar, por que às vezes pode estar dormindo e o navio passar por cima de você, quando se vê seu barco foi ao fundo, sem prestar socorro, como já aconteceu…, eles nem sequer pararam para saber se houve sobreviventes ou não. A gente fica na ansiedade quando eles estão no mar, por que eles não tem um lugar nem perto, ficam à deriva e os navios que no caso poderiam dar um suporte, eles não podem chegar perto. Esta peça está solta, encostou na beira da praia… tem os barcos de camarão que são bem menores, se bater nela? ”