Sexta edição do evento acontece de forma totalmente virtual entre os dias 2 e 5 de setembro, e acontece paralelamente às atividades da Semana Sem Petróleo

Seminário da Campanha Nem Um Poço a Mais realizado em Vila Velha (ES)

Os impactos das atividades da indústria do petróleo na vida e na saúde das pessoas. Os efeitos dessa cadeia de produção sobre o meio ambiente e as comunidades próximas de campos de extração e grandes estruturas petrolíferas, especialmente povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e sem-terra. O crescimento da produção do combustível fóssil na contramão do combate às mudanças climáticas, e as perspectivas de transição da matriz energética brasileira para um modelo mais limpo. Esses são alguns dos temas em debate durante o VI Seminário da Campanha Nem Um Poço a Mais, que acontece entre os dias 2 e 5 de setembro, de forma totalmente virtual.

O encontro reúne representantes de organizações sociais brasileiras e internacionais, trabalhadores, especialistas, ativistas e povos tradicionais, e acontece paralelamente às atividades da Semana Sem Petróleo. “A indústria petroleira nunca é segura. Sempre contamina a água, o ar, a terra, a floresta, os corpos e territórios. Suas operações sempre derramam, e os resíduos tóxicos e derivados estão diretamente associados a câncer, doenças respiratórias, morbidade. Cuidar da saúde das pessoas, das comunidades contaminadas e dos ecossistemas afetados é um enorme desafio, por isso esse debate é fundamental”, afirma o sociólogo Marcelo Calazans, da Campanha Nem Um Poço a Mais e um dos organizadores do evento.

Ilustração: Angie Vanessita

O primeiro painel do Seminário, às 15h de quarta (2), trata da resistência anti-petrolífera no Espírito Santo, terceiro estado que mais produz petróleo no país. Lideranças indígenas, quilombolas e ribeirinhos, além do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), denunciam violações da indústria em regiões como Linhares, São Mateus e Conceição da Barra, e alertam para a destruição de manguezais, recifes e da vida marinha, que afeta diretamente as comunidades tradicionais de pesca artesanal, especialmente no litoral Sul do Estado, onde estão as jazidas do pré-sal..

Também na quarta, às 17h, os vazamentos, as contaminações e a ausência de políticas públicas de mitigação dos impactos das atividades na refinaria Duque de Caxias, da Petrobras, no Rio de Janeiro, são tema do segundo painel do encontro. O debate reúne lideranças sindicais e de organizações da sociedade civil da região, organizadas no Fórum dos Afetados por Petróleo e Petroquímica da Baía de Guanabara (FAPP-BG), no Rio de Janeiro.

As perspectivas de transição energética no Brasil e a(in)justiça ambiental do modelo vigente no país são assunto do terceiro painel do Seminário, marcado para 19h do mesmo dia. Sindicalistas, ativistas e especialistas discutem questões como aumento da produção de petróleo e gás natural, com novos leilões e reativação de poços maduros, e a privatização em curso da Petrobras, levando em conta os efeitos econômicos e sociais sobre as comunidades.

Na quinta (3), às 10h, o tema do quarto painel do Seminário é a atuação da empresa anglo-holandesa Shell, uma das maiores petroleiras do mundo, na América Latina. O debate sobre uma das companhias que mais poluem no planta será internacional, e vai reunir pesquisadores e representantes de organizações da sociedade civil da América Latina e da Holanda, além de integrantes da Oilwatch, rede de resistência à indústria do petróleo. No mesmo dia, a partir das 15h, pesquisadoras, lideranças de organizações sociais e comunidades tradicionais afetadas discutem a contaminação de centenas de praias do Nordeste e Sudeste do Brasil em 2019 com petróleo, no quinto painel do Seminário. Quase um ano se passou desde que as primeiras manchas surgiram no litoral, mas o desastre ambiental, que afetou diretamente a vida cotidiana e o sustento das comunidades tradicionais da costa, ainda não foi esclarecido. E, até agora, nada de reparação justa às famílias, comunidades e à natureza.

Ilustração: Angie Vanessita

Na sexta (4), o debate é sobre petróleo, saúde e contaminação ambiental. Às 15h, o sexto painel reúne organizações brasileiras e equatorianas na discussão sobre poluição e degradação da água, do ar, da terra e da floresta, e os efeitos das atividades e resíduos tóxicos da indústria petrolífera sobre a saúde das pessoas e comunidades.

A indústria petroleira e a queima de combustíveis fósseis são as principais responsáveis pelo aquecimento do clima do planeta. São também os principais obstáculos para a redução efetiva das emissões globais, e promotores das falsas soluções, como o mercado de carbono e a financeirização da natureza. No sétimo debate do Seminário, sábado (5), às 10h, ativistas e pesquisadores de África, Equador e Estados Unidos discutem a irresponsabilidade das petroleiras e das políticas sobre o clima e caminhos de resistência.

O último painel do encontro, sábado às 15h, tem como tema do debate os efeitos do aquecimento global no Brasil. Quais os grupos mais atingidos? Que políticas públicas têm sido desenvolvidas? Qual o lugar do Brasil nas negociações internacionais do clima? O que esperar do governo Bolsonaro, que nega o aquecimento global e exacerba o racismo ambiental? O papel das redes da sociedade civil e fóruns nacionais na construção de alternativas de transição vai permear a discussão, que reúne pesquisadores, parlamentar e ativistas do tema no Brasil.

Todas as atividades da Semana serão online. Para entrar nas salas você precisará do Zoom ou pode assistir pelo YouTube. Confira a programação, acompanhe e participe!

PROGRAMAÇÃO 

DIA 02 / QUARTA-FEIRA

Painel 1 – Lutas anti petroleiras, povos tradicionais e sem terra no ES – 15h às 17h

Com Kátia Penha (Coordenação Estadual Quilombola Zacimba Gaba), Paulo Tupinikim (APIB),  Nego da pesca (FAPAES), Edineia Rosa Neves (MST) e José Souza Barcelos (Comunidade indígena de Areal do Rio Doce)

Mediação de Daniela Meirelles (FASE ES) – com Desenho Documento de Moema Freitas – Sereias Tóxicas

Painel 2  – Poluição, danos à saúde e acidentes ampliados: o caso REDUC (RJ) – 17h às 19h

Com  Sebastião Braga (SCC/FAPP-BG), Sebastião F. Raulino (FAPP- BG, Pastoral do Meio Ambiente  e RBJA) e Andressa Delbons (SINDIPETRO Caxias)

Mediação de Leila Salles (FAPP-BG/RJ)

Painel 3 – Transição energética e justiça ambiental – 19h às 21h 

Com Luiz Mário SINDIPETRO-Rio, Célio Bermann ( USP/RBJA), Carlos Neiva (CEPEL/SENGE-RJ), Sérgio Ricardo (Baía Viva-RJ/ RBJA) e Natália Russo ( SINDIPETRO- Rio/ Federação Nacional dos Petroleiros- FNP)

Mediação de Sebastião Fernandes Raulino (FAPP- BG, Pastoral do Meio Ambiente e RBJA)

DIA 03/ QUINTA-FEIRA

Painel 4 – A Shell na Holanda e suas zonas de sacrifício na América Latina – 10h às 12h 

Com  Tatiana Roa (Censat/Colombia), Hernan Scandizzo (OPSur/Argentina), José Luis Espinoza(CONROA/Honduras),  Marcelo Calazans (FASE ES/Brasil), Wiert Wiertsema (Both Ends/Holanda), Daniel Gomez (MilieuDefensie/Holanda),

Mediação: Ricardo Sá  e  tradução: Lobo Pasolini

Painel 5 – Exploração offshore: o petróleo nas praias do Nordeste – 15h às 17h 

Com  Valéria Maria Alcântara (Comunidade Pesqueira  Engenho do Tiriri – PE), Robério Manoel da Silva(Comunidade Quilombola Pontal da Barra  SE), Rosimere Nery (Fórum Suape e FASE PE),  Ormezita Barbosa (CPP), Mariana Olívia (Fiocruz PE) e Nataly Queiroz (Intervozes e  Coletivo Brasil de Comunicação Social)

DIA 04/ SEXTA-FEIRA

Painel 6 – Petróleo, Saúde e Contaminação Ambiental – 15h às 17h 

Com Alexandra Almeida (Acción Ecológica/Equador), Bianca Dieile (FAPP-BG), Pablo Fajardo ou Ivonne Macías (Unión de afectados por Texaco/Equador), Alessandra Nzinga (FAPP-BG), Kuawa Kapukaya Apurinã do Amazonas (Arte Educadora e Antropóloga), Leonard C. A. Machado (Grupo  Kapi’xawa)

mediação: Federica Giunta

DIA 05/ SÁBADO

Painel 7 – Indústria petroleira, emergência climática e resistência global – 10h às 12h 

com Nnimmo Bassey (Homef e Oilwatch África), Tamra Gilbertson (University of Tennessee/EUA), Ivone Yannes (Acción Ecológica/ Equador)

mediação: Marcelo Calazans (FASE-ES/ OILWATCH Latinoamerica)

tradução: Lobo Pasolini

Painel 8 – Mudanças Climáticas e transição energética no Brasil – 15h às 17h 

com  Alexandre Araújo Costa (UECE),  Maureen Santos (Grupo Carta de Belém/FASE),   Renato Cinco ( PSOL-RJ), Ivo Poletto (FMCJS)

mediação: Pedro Aranha (Coalizão pelo Clima RJ)

SERVIÇO

VI SEMINÁRIO DA CAMPANHA NEM UM POÇO A MAIS 

2 a 5 de Setembro 2020

Site: www.areaslivresdepetroleo.wordpress.com

E-mail: semanasempetroleo@gmail.com

Redes sociais:  https://www.facebook.com/semanasempetroleo

https://www.instagram.com/campanhanemumpocoamais