Nem um porto a mais!
Espírito Santo, portos abertos para a destruição da natureza. Estruturada desde o período colonial para extrair e exportar matérias primas, a economia capixaba nunca deixou de ser isso. Exportou pau-brasil, cana, café, madeira. Até hoje extrai e exporta a própria natureza, nua e crua. Ou commodities, primárias ou semielaboradas: celulose, ferro, aço, mármore, granito e[...]
Espírito Santo, portos abertos para a destruição da natureza.
Estruturada desde o período colonial para extrair e exportar matérias primas, a economia capixaba nunca deixou de ser isso. Exportou pau-brasil, cana, café, madeira. Até hoje extrai e exporta a própria natureza, nua e crua. Ou commodities, primárias ou semielaboradas: celulose, ferro, aço, mármore, granito e petróleo.
A moderna indústria extrativa e exportadora se implantou e desenvolveu no pior período da ditadura militar, nos anos 70, mantendo intacta a desigualdade estrutural, étnica e racial do latifúndio escravocrata.
Em cada porto uma história de destruição. Violações de direitos humanos e devastação da natureza.
Três praias. Três portos.
Quando se para em Camburi, é difícil imaginar a praia, sem o porto de Tubarão. Sem as aciarias da Vale, sem as usinas da ArcelorMittal. Sem os gigantescos guindastes e a movimentação frenética dos navios. O minério de ferro no fundo d’água, na areia, no ar, pelas janelas, na superfície dos móveis. Nos pulmões. Os pais, as tias, as avós juram que ali havia uma praia limpa, uma linha de horizonte vasto, só com céu e mar, e à direita, apenas o convento da Penha. Imagina.
Pouco mais ao Sul, em Ubu, Anchieta, o Porto da Samarco e seu complexo siderúrgico lembram cenas de ficção extrativista, de outro tempo, de outro lugar; a Terra já inóspita para a vida. Sobre os versos de areia do Padre Anchieta, as gotas de ferro da Samarco, suas plataformas e esteiras rolantes, latas velhas enferrujadas. Da mesma Samarco, do crime no Rio Doce. A baleia deu o fora.
Para o Norte, em Aracruz, o Porto de Barra do Riacho, porta de saída do agronegócio do eucalipto e da celulose da Suzano. Um porto para o passado. História viva. Do genocídio indígena. Do escravismo colonial, imperial e republicano, de negras e negros. Da devastação da Mata Atlântica. Aracru$uzano. O novo agronegócio. O velho latifúndio, escravocrata, exportador. Plantation: monocultura, larga escala. Acumulação primitiva.
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