Campanha Nem Um Poço a Mais

Boletim Julho 2021

Editorial: Nem um porto a mais!

Espírito Santo, portos abertos para a destruição da natureza.

Estruturada desde o período colonial para extrair e exportar matérias primas, a economia capixaba nunca deixou de ser isso. Exportou pau-brasil, cana, café, madeira. Até hoje extrai e exporta a própria natureza, nua e crua. Ou commodities, primárias ou semielaboradas: celulose, ferro, aço, mármore, granito e petróleo.

A moderna indústria extrativa e exportadora se implantou e desenvolveu no pior período da ditadura militar, nos anos 70, mantendo intacta a desigualdade estrutural, étnica e racial do latifúndio escravocrata.

Em cada porto uma história de destruição. Violações de direitos humanos e devastação da natureza.

Três praias. Três portos.

Quando se para em Camburi, é difícil imaginar a praia, sem o porto de Tubarão. Sem as aciarias da Vale, sem as usinas da ArcelorMittal. Sem os gigantescos guindastes e a movimentação frenética dos navios. O minério de ferro no fundo d’água, na areia, no ar, pelas janelas, na superfície dos móveis. Nos pulmões. Os pais, as tias, as avós juram que ali havia uma praia limpa, uma linha de horizonte vasto, só com céu e mar, e à direita, apenas o convento da Penha. Imagina.

Pouco mais ao Sul, em Ubu, Anchieta, o Porto da Samarco e seu complexo siderúrgico lembram cenas de ficção extrativista, de outro tempo, de outro lugar; a Terra já inóspita para a vida. Sobre os versos de areia do Padre Anchieta, as gotas de ferro da Samarco, suas plataformas e esteiras rolantes, latas velhas enferrujadas. Da mesma Samarco, do crime no Rio Doce. A baleia deu o fora.

Para o Norte, em Aracruz, o Porto de Barra do Riacho, porta de saída do agronegócio do eucalipto e da celulose da Suzano. Um porto para o passado. História viva. Do genocídio indígena. Do escravismo colonial, imperial e republicano, de negras e negros. Da devastação da Mata Atlântica. Aracru$uzano. O novo agronegócio. O velho latifúndio, escravocrata, exportador. Plantation: monocultura, larga escala. Acumulação primitiva.

  • Espírito Santo, portos abertos para a destruição da natureza. Estruturada […]

  • Reportagem mostra como empreendimentos privados podem dizimar praias capixabas para atender a interesses do mercado internacional

  • Moradores refletem sobre o futuro da comunidade com a construção do complexo portuário Petrocity na região.

  • Água é mais que rio, mar e chuva, é também memória, cura e identidade. Durante a IV Semana Sem Petróleo em 2020, Kate Parker conduziu uma Performance Curativa partindo das águas entre as margens, subindo à fonte e depois indo em direção ao mar. Uma meditação corporal para navegar sua partida-nascente, paisagem-leito, trajetória-rio, até seu destino-mar, em um convite a refletir e cuidar das águas, não só as que vemos, mas também as que estão dentro de nós.

  • Oficina “Vamos brincar livre de petróleo” ministrada por Renata Meirelles (Território do Brincar) dá fruto em material gráfico botânico.

  • O segundo podcast Pílulas para a Transição Energética traz como tema central mobilidade urbana, com destaque para o uso da bicicleta como meio de transporte. O programa tem participação de Hudson Lupes, do Coletivo Pedalamente, e de Helena Coelho, do Cicli - Pedalando pelo Clima. Ouça!

  • No final de Maio, a Shell foi legalmente responsabilizada por contribuir com as mudanças climática e deve reduzir suas emissões de CO2 em 45% até 2030. Será que finalmente chegou o momento de frear os investimentos globais em combustíveis fósseis?

  • Durante um mês, várias pessoas e entidades realizam há 10 anos a campanha Julho Sem Plástico, buscando conscientizar sobre as alternativas ao uso desse material quase onipresente e que gera impactos ambientais imensos no planeta.

  • No Dia do Pescador (29/06), o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) lançou o Relatório dos Conflitos Socioambientais e Violações de Direitos Humanos em Comunidades Tradicionais Pesqueiras no Brasil. A segunda edição da publicação registra dados de 434 conflitos vivenciados por comunidades pesqueiras em 14 estados do Brasil. O principal objetivo do Relatório é dar visibilidade às ameaças que impactam e colocam em risco o modo de vida de pescadores e pescadoras artesanais, trazendo informações sobre os tipos de conflitos sociais e ambientais que os ameaçam, além de dados sobre os agentes causadores e os impactos desses conflitos nas vidas das comunidades pesqueiras

    A segunda edição da publicação registra dados de 434 conflitos vivenciados por comunidades pesqueiras em 14 estados do Brasil. O principal objetivo do Relatório é dar visibilidade às ameaças que impactam e colocam em risco o modo de vida de pescadores e pescadoras artesanais, trazendo informações sobre os tipos de conflitos sociais e ambientais que os ameaçam, além de dados sobre os agentes causadores e os impactos desses conflitos nas vidas das comunidades pesqueiras

  • No dia 13 de junho, a Cia Teatro Urgente de […]

  • A indicação do mês é um documentário longa-metragem produzido pela […]

  • Artistas capixabas se inspiram em Iemanjá para defender os mares da exploração petroleira.

  • Pescadores artesanais temem ser esmagados pela pesca industrial, voltada ao mercado brasileiro e internacional. Reportagem de Fernanda Couzemenco para o Século Diário.

  • A indicação do mês é um documentário longa-metragem produzido pela Marco Zero Conteúdo, em parceria com Símio Filmes e Ventana Filmes, que expõe a desigualdade irradiada pelo Complexo Portuário e Industrial de Suape na ocupação do território da cidade do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, Pernambuco.

    As oportunidades de negócio para as grandes construtoras e seus bairros planejados de "alto padrão" em contraste com a vida vivida na periferia da cidade de maior vulnerabilidade para o jovem negro no Brasil.

    O filme foi produzido com recursos do edital de jornalismo independente do Fundo Brasil de Direitos Humanos.