Campanha Nem Um Poço a Mais

Boletim Maio 2021

Editorial: Somos todos petrodependentes? Até quando?

A dependência ao petróleo se alastra como uma epidemia social, nos tornando cúmplices de um genocídio socioambiental. Para cada facilidade urbana proporcionada pela exploração do petróleo, atingimos algum grupo social ou um ecossistema.

Os dutos que transportam o gás de cozinha que utilizamos para fazer receitas maravilhosas em nossas casas na cidade, provocam acidentes, às vezes fatais, nas comunidades tradicionais, poluem seus mananciais com vazamentos, transformam a paisagem silvestre em paisagem industrial. A gasolina que move nossos carros de alta potência é fruto de um processo violento de extração, que contamina mares, territórios agricultáveis e água potável através de seus poços profundos, que permanecem poluindo, mesmo depois de inutilizados. O plástico que utilizamos para ensacar nossos alimentos, nossos produtos de higiene e nosso lixo é produzido ao custo da contaminação de territórios de pesca de comunidades tradicionais, dos rios e mares.

Estamos comendo peixes e mariscos contaminados pela indústria petroquímica, mas fingimos não ver para que nossos pratos favoritos não sejam comprometidos. Fechamos nossos olhos para os males causados pelos agrotóxicos (produzidos com derivados de petróleo), por que ainda persiste o mito de que alimentos orgânicos são mais caros e mais feios.

A petrodependência está nos conduzindo para um abismo, mas preferimos acreditar que sem o petróleo não conseguiremos sobreviver. É o que querem que acreditemos. Depende de nós romper com a petrodependência e ousar imaginar um mundo sem ela!

Nem um poço a mais! Nem um porto a mais!

"Não existe indústria petroleira segura"

Sociólogo Marcelo Calazans fala sobre a “petrodependência” de nossa sociedade e as propostas da Campanha Nem Um Poço a Mais.

Foto: Inês Campelo/MZ Conteúdo

CPI do Óleo na praia termina em pizza (tóxica)

Um dos mais graves crimes socioambientais dos últimos anos, o derramamento de óleo de origem desconhecida atingiu o litoral do Nordeste e parte do Norte e Sudeste brasileiros em 2019. Foram 130 municípios afetados em 11 estados. O acontecimento virou alvo de investigação por uma Comissão Parlamentar de Inquérito, conhecida como CPI do Óleo, criada em novembro do mesmo ano na Câmara Federal. Porém, o prazo terminou e não foi renovado após articulação do governo federal com o chamado bloco do “centrão” no Congresso Nacional. “Um crime sem culpados nem punições agora é também um crime que sequer será investigado por parlamentares”, questionou o jornal pernambucano Marco Zero. “A forma como o governo Bolsonaro e seus aliados trataram o maior derramamento de petróleo da história do Atlântico Sul é mais uma prova da vergonhosa política ambiental do Brasil”.

Quando o petróleo causa doenças

A indústria petroleira nunca é segura. Sempre contamina a água, o ar, a terra, a floresta, os corpos e os territórios. Suas operações sempre derramam. Seus resíduos tóxicos e derivados estão diretamente associados a câncer, doenças respiratórias e morbidade. Que o digam os habitantes camponeses e indígenas, ativistas e pesquisadores dos territórios submetidos à extração na Amazônia equatoriana e brasileira, ou à indústria petroquímica em Duque de Caxias, na baixada fluminense do Rio de Janeiro. Por outro lado, cuidar da saúde das pessoas e comunidades contaminadas é um enorme desafio. Da luta por reparação ao autocuidado nas comunidades, este painel traz diferentes experiências em um horizonte integral da saúde. Cuidar das pessoas e da natureza formam um só cuidado.

Os territórios onde se instalam as infraestruturas de petróleo, geralmente, têm seu solo e o lençol freático contaminados, emissão de efluentes líquidos nos rios e nos mares, e contaminação do ar por queima dos combustíveis causando as mudanças climáticas e a chuva ácida por conta das refinarias e o adoecimento do corpo e da saúde mental da população.

Podcast Pílulas para a Transição Energética

O Podcast Pílulas para a Transição Energética lançado pela Campanha Nem Um Poço a Mais, aponta alternativas limpas e relativamente simples que podem ser implementadas em comunidades para gerar energia e autonomia nos territórios. Na primeira edição, o podcast conta sobre o primeiro curso para formação de Agentes Comunitários para a Transição Energética, nossos entrevistados são Fabíola Melca e Rafael Pacca.

Notícias de resistência à petrodependência se espalham pelo mundo

Lançamento do videoclipe Nossa Terra

Confira o lançamento do clipe produzido com participação da comunidade quilombola de Bananeiras na Ilha de Maré, em Salvador, Bahia.

Pesca sim, petróleo não!

Em 2021 a campanha “¡Pesca sí, petróleo no!” completa 5 anos no Peru. Marcando a luta pela reivindicação das comunidades costeiras também no Brasil e a defesa dos territórios contra a contaminação petroleira.

Um convite a sonhar um mundo sem petróleo

Já imaginou como seria a vida em um mundo sem a exploração de petróleo? Livre da contaminação dos rios, mares, solos e mentes? Saiba mais sobre o concurso de contos aberto no Equador para sonhar com um mundo livre de petróleo.

Declaração da Plataforma Latinoamericana e do Caribe por Justiça Climática

Confira a Declaração da Plataforma Latinoamericana e do Caribe por Justiça Climática preparada frente à Semana do Clima regional que ocorreu do 11 ao 14 de maio na República Dominicana.

Gamboa livre!

Durante aproximadamente 13 anos, a Praia da Gamboa, em Itaipava, Itapemirim, no Espírito Santo, esteve sob a ameaça da construção de um porto de logística para a exploração do petróleo em alto-mar, que ficou conhecido como C-Port.  Recentemente, a empresa Edison Chouest desistiu do empreendimento! Para reafirmar simbolicamente o nosso desejo de manter a Gamboa livre para a vida, a poetisa e atriz Ivny Matos e o cineasta Ricardo Sá produziram um videopoema.

Cultura

BASTA DE CONTAMINAÇÃO NA ILHA DE MARÉ: Cineclube NEM UM POÇO A MAIS

A indicação da semana é um curta-metragem produzido pela Campanha Nem um Poço a Mais durante uma visita à Ilha de Maré, na Baía de Todos os Santos – Salvador.

O documentário, de apenas 7 minutos, revela a resistência dos moradores de Ilha de Maré frente aos impactos provocados pela exploração de petróleo e gás na Baía de Todos os Santos, local que a população utiliza para prover o seu sustento, que vem da pesca e da cata de mariscos

Rappers lançam videoclipe que questiona impacto do petróleo

A união de cinco artistas do Espírito Santo resultou na composição coletiva da música Nem Um Poço a Mais, que foi lançada em março junto com um videoclipe gravado em Vitória. Participaram do trabalho os rappers Juh D’Lyra, MC 2N du TG, EmiciThug, Do Rio e Josayanne Martins, trazendo reflexões sobre os impactos socioambientais da exploração petrolíferas e da necessidade da sociedade rever conceitos. A parceria teve início durante a realização da IV Semana Sem Petróleo, que aconteceu em setembro de 2020.

Saiba mais sobre a campanha

Boletim informativo produzido pela Campanha Nem Um Poço a Mais, parte do projeto Áreas Livres de Petroleo https://areaslivresdepetroleo.org/

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